MAIS CONFIANÇA EM NÓS MESMOS

AMIGOS DO VERBO

SEXTA-FEIRA I DE ADVENTO - Pe. Cristóvão,svd Mt 7,21.24-27: Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará no reino dos céus. Evangelho de hoje apresenta uma das muitas curas que Jesus realizou. Aparece até como uma confirmação do que ouvimos na primeira leitura do profeta Isaias, mas nesse milagre de hoje percebemos uma lição bem particular: É o único caso em que Jesus pergunta a um doente sobre a possibilidade de sua própria cura. Você acredita que eu posso fazer isso? Essa pergunta leva-nos a pensar sobre qual é o canal da graça de Deus; a ação de Deus se dá por sua vontade ou pela nossa? Basta desejar que Deus faça algo por nós e já? Evidentemente que não é por esse caminho, não é por aí. Porque os caminhos de deus não são nossos caminhos, a vontade de Deus não é como a nossa; seu modo de agir só ele sabe por que é como é. Mas o que o evangelho nos ensina que na maioria dos casos, quem precisa de ajuda é preciso querer ser ajudado. Isto faz grande diferença na hora de se levantar das nossas caídas, das nossas cegueiras que não nos deixam enxergar mais além das nossas próprias dores, dos nossos próprios fracassos, da nossa própria escuridão. A graça de Deus é como uma fonte, em que nós precisamos estar abertos a ela, para que preencha todos os vazios da nossa vida. Vários teólogos dizem que a fé é como um salto no escuro: você precisa decidir. Lá pode haver incertezas, mas você só saberá a verdade dando esse passo. Como aquela história que diz que uma pessoa descia num penhasco muito alto na noite, a corda em que ele se segurava e soltou uma parte, e ele ficou uma noite inteira pendurado numa árvore em plena escuridão. A única coisa que ele fazia era pedir socorro e não se mexia por medo da corda se soltar e ele cair naquele imenso vazio escuro. Quando já estava amanhecendo passaram algumas pessoas e ele desesperado pediu ajuda, mas as pessoas passaram a diante dizendo: você só tem que decidir se soltar. Ele permaneceu agarrado à corda, até que o sol nasceu e ele percebeu que faltava apenas 10 cm do chão para ele ser livre. Ele tinha razão sobre o perigo, mas poderia ter acolhido a ajuda dos que passavam. A final, se realmente ele estivesse em grande perigo não teriam passado a diante. Moral da história, as vezes é preciso arriscar na fé, porque nem sempre nossas razões conseguem nos salvar. Por isso creio que no Evangelho de hoje Jesus perguntou ao cego se ele queria ser curado, porque é também um modo de dizer, que é preciso acreditar, mas na nossa própria cura interior, mais do que esperar que os outros nos curem. As vezes é só uma questão de confiança.