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Pesquisa mostra que macacos-prego podem produzir lascas involuntariamente

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Um artigo publicado em outubro na revista Nature mostra que os macacos-prego do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, usam as pedras de várias maneiras diferentes.

No vídeo publicado junto ao artigo da Nature, um grupo de macacos-pregos da Serra da Capivara aparece quebrando pedras para produzir fragmentos cortantes. Essas ferramentas teriam semelhanças com os primeiros objetos produzidos pelos primeiros humanos na idade da pedra, segundo o pesquisador brasileiro Tiago Falótico, um dos autores do estudo feito em parceria com a universidade de Oxford. As imagens foram feitas em 2014, mas só foram divulgadas agora.

"Esse é um trabalho que nós fizemos em paralelo com os arqueólogos de Oxford. Trabalhamos na Serra da Capivara desde 2004. Acompanhamos grupos de macacos-prego catalogando o comportamento deles e registrando o uso das ferramentas de vários grupos para comparar e ver as diferenças", explica. Os primatas seriam mesmo capazes de escolher as pedras em função das curvas e bordas. As imagens também mostram que os macacos quebram as pedras para lamber o silício.

"Esse comportamento já conhecemos desde 2005, mas o que não tínhamos reparado são as lascas que caíam desses fragmento", diz. Ele esclarece, entretanto, que os macacos não usam as lascas, diferentemente dos humanos, mesmo que as ferramentas sejam muito parecidas com as criadas pelos primeiros humanos. "Os arqueólogos sempre consideraram essa produção de lasca cortante como intencional, e mostramos que não é o caso com os macacos, mesmo criando um material similar, às vezes idênticos aos dos humanos".

As escavações feitas pelos pesquisadores das universidades USP e de Oxford foram feitas em um vale situado perto do sítio arqueológico da Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, em Piauí, diz a arqueóloga brasileira Niède Guidon. A diferença, explica Guidon, que estuda o local há décadas, é que no sítio da Pedra Furada os indícios de atividade humana são evidentes, já que foi encontrado material retocado.

Homens e macacos

Segundo ela, na Pedra Furada também há fogueiras estruturadas, com blocos, indícios da vida humana. “O macaco não faz fogueira, por isso temos certeza de que esse material foi feito pelo homem”, avalia. A própria arqueóloga diz já ter visto os macacos fazerem buracos na rocha, por exemplo.

O material produzido pela equipes brasileiras e americana será comparado ao da Pedra Furada, mas existem grandes diferenças, como a profundidade, por exemplo. “Esse material humano estava a mais de 8 metros, com fogueiras preservadas. Macaco não tem fogueira” declara.

Uso humano é diferente, sublinha pesquisador francês

O pesquisador Eric Boëda, da Universidade Paris 10, que também pesquisa o Parque Nacional Serra da Pedra da Capivara, diz que existe uma tendência a associar macacos aos primeiros homens da pré-história. “Por isso muitos consideram os nativos americanos como os primeiros homens pré-históricos”.

Segundo ele, o objetivo dessa atividade dos macacos não era utilizar os fragmentos cortantes. “Quando observamos o processo humano, ele é completamente diferente. Ele vai utilizar a matéria-prima para polir ou triturar e usar o corte dos fragmentos de pedra. É como quebrar um copo e utilizar os cacos”, explica.

No mundo da pesquisa arqueológica, já se sabe que a presença humana no continente americano, em locais como o sítio arqueológico da Pedra Furada, Serra da Capivara, no Piauí, por exemplo, data de cerca de 30 mil anos. Algumas, realizadas por termoluminescência, tinham mais de 100 mil.

Objetos de pedra lascada ou polida contribuíram para provar que o homem chegou à região há muito mais tempo e que a distribuição da raça humana, assim como o desenvolvimento das primeiras ferramentas, teria sido uniforme em todas as regiões da Terra.

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No vídeo publicado junto ao artigo da Nature, um grupo de macacos-pregos da Serra da Capivara aparece quebrando pedras para produzir fragmentos cortantes. Essas ferramentas teriam semelhanças com os primeiros objetos produzidos pelos primeiros humanos na idade da pedra, segundo o pesquisador brasileiro Tiago Falótico, um dos autores do estudo feito em parceria com a universidade de Oxford. As imagens foram feitas em 2014, mas só foram divulgadas agora.

"Esse é um trabalho que nós fizemos em paralelo com os arqueólogos de Oxford. Trabalhamos na Serra da Capivara desde 2004. Acompanhamos grupos de macacos-prego catalogando o comportamento deles e registrando o uso das ferramentas de vários grupos para comparar e ver as diferenças", explica. Os primatas seriam mesmo capazes de escolher as pedras em função das curvas e bordas. As imagens também mostram que os macacos quebram as pedras para lamber o silício.

"Esse comportamento já conhecemos desde 2005, mas o que não tínhamos reparado são as lascas que caíam desses fragmento", diz. Ele esclarece, entretanto, que os macacos não usam as lascas, diferentemente dos humanos, mesmo que as ferramentas sejam muito parecidas com as criadas pelos primeiros humanos. "Os arqueólogos sempre consideraram essa produção de lasca cortante como intencional, e mostramos que não é o caso com os macacos, mesmo criando um material similar, às vezes idênticos aos dos humanos".

As escavações feitas pelos pesquisadores das universidades USP e de Oxford foram feitas em um vale situado perto do sítio arqueológico da Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, em Piauí, diz a arqueóloga brasileira Niède Guidon. A diferença, explica Guidon, que estuda o local há décadas, é que no sítio da Pedra Furada os indícios de atividade humana são evidentes, já que foi encontrado material retocado.

Homens e macacos

Segundo ela, na Pedra Furada também há fogueiras estruturadas, com blocos, indícios da vida humana. “O macaco não faz fogueira, por isso temos certeza de que esse material foi feito pelo homem”, avalia. A própria arqueóloga diz já ter visto os macacos fazerem buracos na rocha, por exemplo.

O material produzido pela equipes brasileiras e americana será comparado ao da Pedra Furada, mas existem grandes diferenças, como a profundidade, por exemplo. “Esse material humano estava a mais de 8 metros, com fogueiras preservadas. Macaco não tem fogueira” declara.

Uso humano é diferente, sublinha pesquisador francês

O pesquisador Eric Boëda, da Universidade Paris 10, que também pesquisa o Parque Nacional Serra da Pedra da Capivara, diz que existe uma tendência a associar macacos aos primeiros homens da pré-história. “Por isso muitos consideram os nativos americanos como os primeiros homens pré-históricos”.

Segundo ele, o objetivo dessa atividade dos macacos não era utilizar os fragmentos cortantes. “Quando observamos o processo humano, ele é completamente diferente. Ele vai utilizar a matéria-prima para polir ou triturar e usar o corte dos fragmentos de pedra. É como quebrar um copo e utilizar os cacos”, explica.

No mundo da pesquisa arqueológica, já se sabe que a presença humana no continente americano, em locais como o sítio arqueológico da Pedra Furada, Serra da Capivara, no Piauí, por exemplo, data de cerca de 30 mil anos. Algumas, realizadas por termoluminescência, tinham mais de 100 mil.

Objetos de pedra lascada ou polida contribuíram para provar que o homem chegou à região há muito mais tempo e que a distribuição da raça humana, assim como o desenvolvimento das primeiras ferramentas, teria sido uniforme em todas as regiões da Terra.

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