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Brasil 2024: um país que precisa vacinar, combater fake news, proteger minorias e o meio ambiente

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O ano novo começa com o Brasil enfrentando velhos gargalos, como a criminalidade e o déficit fiscal, mas também desafios mais recentes, como a queda na vacinação de crianças e as ondas de calor. Para analistas ouvidos pela RFI, medidas são urgentes para o país avançar, mas muitos resultados dificilmente virão já em 2024

Raquel Miura

O brasileiro mal conseguiu esquecer as ondas de calor do ano passado e as previsões já o atormentam apontando possíveis novos picos de temperatura em 2024 para o país e o mundo. Isso impõe à nação, que pretende se colocar como referência em assuntos ambientais, a necessidade de controle mais rígido de queimadas e desmatamentos não só na Amazônia, mas em outros biomas como Pantanal e Cerrado. E mesmo a maior floresta tropical do mundo, cujos índices de destruição caíram consideravelmente em 2023, não escapou de ser penalizada com a seca prolongada e os focos de incêndio.

O desafio das mudanças climáticas, que geram calor e também chuvas que alagam e destroem, apresenta-se também no controle de doenças que há tempos confrontam a saúde pública, como a dengue. Os prognósticos não são nada animadores para o ano que começa, tanto que o governo brasileiro foi pioneiro na introdução da recém lançada Qdenga, vacina japonesa contra a doença, no calendário oficial de imunização. E eis que vem dessa seara outra meta difícil e crucial a vencer: retomar a cobertura vacinal no país.

“Existe um risco real da reintrodução de doenças infecciosas já controladas, como a poliomielite e o sarampo, e que devido às baixas taxas de cobertura vacinal, arriscam serem reintroduzidas", afirmou à RFI o infectologista Paulo Sérgio Ramos, que não acredita numa reversão do quadro no curto prazo.

“A pandemia da covid-19, aliado à circulação de fake news naquela época e às políticas de Estado equivocadas, produziram efeito negativo devastador na política nacional de imunização e que, infelizmente, repercutirá por muitos e muitos anos”. Ramos ainda cita outras duas doenças que têm avançado de forma preocupante no Brasil, a sífilis e a tuberculose: “A sífilis, que é uma infecção sexualmente transmissível, que vem aumentando muito o número de casos e que, se as gestantes não se tratarem, por exemplo, elas podem transmitir para o feto, o que pode ocasionar malformações fetais graves. E a tuberculose, que é uma doença que também vem crescendo no Brasil”.

Diante desses cenários, o infectologista diz que cresce a importância em 2024 do diálogo aberto e persistente do poder público, de profissionais da saúde e da imprensa com a população.

Segurança e minorias

O país avança em 2024 com dívidas históricas ainda em aberto, com o retorno da discussão do marco temporal e diante de inúmeras comunidades indígenas sofrendo não só com a presença do garimpo ilegal, mas também de desnutrição, alcoolismo e abusos sexuais.

O combate ao racismo e à violência contra mulheres também se mantêm como imperioso no calendário do novo ano. Números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública escancaram uma realidade pesada: em média, quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia no país. A cada oito minutos, uma menina ou mulher é estuprada no Brasil. Nas mortes violentas no país, 70% das vítimas são negras.

Soma-se a isso o cenário de guerra imposto por grupos organizados e milícias em várias cidades do país e tem-se, mais uma vez, a questão da criminalidade como desafio nacional. O especialista na área Rafael Alcadipani disse à RFI que o Brasil ainda não conseguiu organizar os setores de segurança de forma a trazer resultados.

“É preciso ter uma política de segurança pública que contemple governo federal, estados e municípios, um plano nacional integrado. O SUSP, o sistema único de segurança pública, poderia fazer um pouco esse papel, mas a gente percebe que isso ainda está devagar. E a gente precisa que os estados também façam parte dessa integração, com uma coordenação entre eles, e coordenação inclusive do Brasil com outros países”, afirmou Alcadipani.

Das boas expectativas para o futuro, o integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta para a atuação de agentes federais em áreas de forte presença do crime organizado. “Parece que a Polícia Federal está entrando um pouco mais no Rio de Janeiro. E isso pode gerar efeitos positivos na medida em que, prendendo miliciano, prendendo pessoas que são importantes, elas podem revelar um pouco dessas conexões que existem entre governos, membros do poder e o crime organizado. Isso pode ser desmantelado aos poucos, mas vai demorar bastante para ter resultado”, projetou Alcadipani.

Economia e relações internacionais

Num mundo de guerras inacabadas e miséria a ser vencida em vários cantos, o Brasil buscará maior protagonismo em 2024 usando a proximidade que tem com o ocidente e o oriente e uma pregação baseada no tripé paz, meio ambiente e combate à fome.

A presidência rotativa do G-20 é tida pela diplomacia como canal importante para isso, ao passo que a incógnita do que virá de seu vizinho economicamente mais importante, a Argentina, mantém acesa a luz amarela nas relações bilaterais e também no Mercosul.

Na economia interna, dos inúmeros obstáculos, a questão fiscal é ainda o calcanhar de Aquiles da equipe de Fernando Haddad, que defende a todo custo o fim da desoneração da folha de pagamento permitida hoje a alguns setores, mas a todo instante precisa calibrar a relação com o Congresso.

“Eu sou muito grato até aqui pela maneira como o Congresso está tratando dos assuntos da Fazenda. Não tenho queixa. Mas o pedido que eu faço aos grupos afetados: vamos analisar o que é melhor para o Brasil. O que é melhor para o Brasil agora é fazer uma revisão dos programas que não trouxeram benefício ao país e melhorar o desenvolvimento econômico, com redução do juro, que está caindo e tem que continuar caindo, com sustentabilidade e justiça social”, disse o ministro da Fazenda.

Fake news e eleições

Em ano de eleições municipais, o país terá outro teste importante: o de deixar de acreditar em fake news que ainda inundam grupos de aplicativos de mensagem e redes sociais. Notícias falsas que geraram comentários agressivos, que geraram tragédia em 2023. Há proposta de regulamentação das mídias sociais no Congresso, mas o debate é tão importante lá dentro como na sociedade.

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Raquel Miura

O brasileiro mal conseguiu esquecer as ondas de calor do ano passado e as previsões já o atormentam apontando possíveis novos picos de temperatura em 2024 para o país e o mundo. Isso impõe à nação, que pretende se colocar como referência em assuntos ambientais, a necessidade de controle mais rígido de queimadas e desmatamentos não só na Amazônia, mas em outros biomas como Pantanal e Cerrado. E mesmo a maior floresta tropical do mundo, cujos índices de destruição caíram consideravelmente em 2023, não escapou de ser penalizada com a seca prolongada e os focos de incêndio.

O desafio das mudanças climáticas, que geram calor e também chuvas que alagam e destroem, apresenta-se também no controle de doenças que há tempos confrontam a saúde pública, como a dengue. Os prognósticos não são nada animadores para o ano que começa, tanto que o governo brasileiro foi pioneiro na introdução da recém lançada Qdenga, vacina japonesa contra a doença, no calendário oficial de imunização. E eis que vem dessa seara outra meta difícil e crucial a vencer: retomar a cobertura vacinal no país.

“Existe um risco real da reintrodução de doenças infecciosas já controladas, como a poliomielite e o sarampo, e que devido às baixas taxas de cobertura vacinal, arriscam serem reintroduzidas", afirmou à RFI o infectologista Paulo Sérgio Ramos, que não acredita numa reversão do quadro no curto prazo.

“A pandemia da covid-19, aliado à circulação de fake news naquela época e às políticas de Estado equivocadas, produziram efeito negativo devastador na política nacional de imunização e que, infelizmente, repercutirá por muitos e muitos anos”. Ramos ainda cita outras duas doenças que têm avançado de forma preocupante no Brasil, a sífilis e a tuberculose: “A sífilis, que é uma infecção sexualmente transmissível, que vem aumentando muito o número de casos e que, se as gestantes não se tratarem, por exemplo, elas podem transmitir para o feto, o que pode ocasionar malformações fetais graves. E a tuberculose, que é uma doença que também vem crescendo no Brasil”.

Diante desses cenários, o infectologista diz que cresce a importância em 2024 do diálogo aberto e persistente do poder público, de profissionais da saúde e da imprensa com a população.

Segurança e minorias

O país avança em 2024 com dívidas históricas ainda em aberto, com o retorno da discussão do marco temporal e diante de inúmeras comunidades indígenas sofrendo não só com a presença do garimpo ilegal, mas também de desnutrição, alcoolismo e abusos sexuais.

O combate ao racismo e à violência contra mulheres também se mantêm como imperioso no calendário do novo ano. Números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública escancaram uma realidade pesada: em média, quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia no país. A cada oito minutos, uma menina ou mulher é estuprada no Brasil. Nas mortes violentas no país, 70% das vítimas são negras.

Soma-se a isso o cenário de guerra imposto por grupos organizados e milícias em várias cidades do país e tem-se, mais uma vez, a questão da criminalidade como desafio nacional. O especialista na área Rafael Alcadipani disse à RFI que o Brasil ainda não conseguiu organizar os setores de segurança de forma a trazer resultados.

“É preciso ter uma política de segurança pública que contemple governo federal, estados e municípios, um plano nacional integrado. O SUSP, o sistema único de segurança pública, poderia fazer um pouco esse papel, mas a gente percebe que isso ainda está devagar. E a gente precisa que os estados também façam parte dessa integração, com uma coordenação entre eles, e coordenação inclusive do Brasil com outros países”, afirmou Alcadipani.

Das boas expectativas para o futuro, o integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta para a atuação de agentes federais em áreas de forte presença do crime organizado. “Parece que a Polícia Federal está entrando um pouco mais no Rio de Janeiro. E isso pode gerar efeitos positivos na medida em que, prendendo miliciano, prendendo pessoas que são importantes, elas podem revelar um pouco dessas conexões que existem entre governos, membros do poder e o crime organizado. Isso pode ser desmantelado aos poucos, mas vai demorar bastante para ter resultado”, projetou Alcadipani.

Economia e relações internacionais

Num mundo de guerras inacabadas e miséria a ser vencida em vários cantos, o Brasil buscará maior protagonismo em 2024 usando a proximidade que tem com o ocidente e o oriente e uma pregação baseada no tripé paz, meio ambiente e combate à fome.

A presidência rotativa do G-20 é tida pela diplomacia como canal importante para isso, ao passo que a incógnita do que virá de seu vizinho economicamente mais importante, a Argentina, mantém acesa a luz amarela nas relações bilaterais e também no Mercosul.

Na economia interna, dos inúmeros obstáculos, a questão fiscal é ainda o calcanhar de Aquiles da equipe de Fernando Haddad, que defende a todo custo o fim da desoneração da folha de pagamento permitida hoje a alguns setores, mas a todo instante precisa calibrar a relação com o Congresso.

“Eu sou muito grato até aqui pela maneira como o Congresso está tratando dos assuntos da Fazenda. Não tenho queixa. Mas o pedido que eu faço aos grupos afetados: vamos analisar o que é melhor para o Brasil. O que é melhor para o Brasil agora é fazer uma revisão dos programas que não trouxeram benefício ao país e melhorar o desenvolvimento econômico, com redução do juro, que está caindo e tem que continuar caindo, com sustentabilidade e justiça social”, disse o ministro da Fazenda.

Fake news e eleições

Em ano de eleições municipais, o país terá outro teste importante: o de deixar de acreditar em fake news que ainda inundam grupos de aplicativos de mensagem e redes sociais. Notícias falsas que geraram comentários agressivos, que geraram tragédia em 2023. Há proposta de regulamentação das mídias sociais no Congresso, mas o debate é tão importante lá dentro como na sociedade.

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