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Editora fundada por brasileiros revive obras francesas ‘esquecidas’ com foco na temática LGBTQ+

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A história de Roberto Borges, 45 anos, e Régis Mikail, 41, se funde com a criação da editora Ercolano, em abril em 2023. Juntos há sete anos, ambos viveram alguns anos em Paris, onde se conectaram mais intensamente à cultura e literatura francesa. Sócios na editora, eles participam da 3ª edição da Paris Book Market, de 29 a 31 de maio, uma feira editorial internacional que reúne gerentes de direitos de publicações francesas e editores estrangeiros interessados em adquirir obras.

De Paris, Luiza Ramos para a RFI

A Editora Ercolano foi fundada pelo casal há um ano, já com a ideia de descobrir ou reencontrar livros pouco conhecidos, esquecidos ou ainda não traduzidos para o português do Brasil. Na Paris Book Market, que recebe cerca de 200 editoras participantes, a Ercolano chega com o intuito de fazer o intercâmbio para possibilitar a “publicação de obras francesas contemporâneas ou não, que não estão em domínio público”, como explica Roberto Borges.

“Eu costumo dizer que essa feira é um namoro em que a gente começa a ver quais títulos que poderiam interessar ao leitor brasileiro, quais títulos têm sinergia com a linha editorial da Ercolano. A gente faz as nossas apostas, fecha negócio. É muito legal”, entusiasma-se.

Reviver títulos fora do cânone literário

Eles defendem que ao longo da história da literatura, por conta da grande quantidade de livros publicados, com o passar do tempo alguns títulos acabam ficando de fora da seleção do que chamam de “clássicos eternos”.

Naturalmente, obras de alta qualidade ou que tiveram relevância num certo período acabam ficando esquecidas e a Ercolano faz uma “arqueologia literária”. Como o livro "A menina que não fui" (La fille manquée, de 1903), romance do escritor Han Ryner, conhecido por seus escritos anarquistas e traduzido por Régis Mikail.

“As questões de gênero e sexualidade sempre tiveram destaque no pensamento do Ryner. Ele tinha uma ideia de que primeiro seria necessário existir uma liberdade individual como condição para que algo possa ser compreendido como uma anarquia. 'A menina que não fui' é sobre isso, é um romance sobre a dificuldade de ser um jovem homossexual no fim do século 19 e começo do século 20”, detalha Régis.

Temática LGBT+ em foco

A editora traduziu ainda 'O beijo de Narciso' (de 1907) do francês Jacques Fersen e 'Manet do Rio', intitulado originalmente como 'Lettres de jeunesse 1848-1849: Voyage à Rio'. Publicação na qual cartas escritas pelo jovem Édouard Manet conta suas percepções sócio-culturais durante uma viagem ao Rio de Janeiro em meados do século 19, anos antes de se tornar um dos grandes nomes da pintura ocidental.

Além disso, a Ercolano lançou a coleção Trilogia para a vida, uma série de três musicais originais brasileiros que contam a trajetória do vírus HIV. Entretanto, os fundadores da editora brasileira enfatizam que outras temáticas não estão descartadas e que não vão em busca de autores famosos ou célebres. “A gente quer trazer alguém desconhecido”, diz Roberto.

Paris inspiradora

“Muitas ideias novas, muitas inspirações, eu confesso que é tanta coisa que às vezes tenho que fazer uma triagem”, releva Régis, amante dos quiosques de buquinistas à beira do rio Sena em Paris e dos inúmeros sebos espalhados pela capital francesa.

Para Roberto, Paris é uma cidade que faz match perfeito com a cultura literária. “A gente não sabe o que veio antes, se Paris combinando com livro, ou livro combinando com Paris. Acho que é uma mistura da cultura francesa essa questão editorial, do livro (...). Isso faz parte muito forte da cultura francesa”, acredita ele.

Apesar das mudanças com o mundo digital, o editor crê que a força do livro impresso ainda existe em Paris por conta dos hábitos dos moradores de irem aos cafés para ler ou passar o tempo no metrô na companhia da leitura.

“A gente se inspira diariamente. Em qualquer cantinho que a gente olhar tem livro, tem literatura e boas histórias aqui em Paris”, romantiza Roberto.

As edições da Ercolano trazem ainda páginas com cantos coloridos e capas sempre na estética do tom sobre tom que dão personalidade e autenticidade ao projeto dos dois sócios.

Origens e projetos futuros

Segundo o perfil da editora: “A inspiração para o nome veio da antiga cidade italiana (Herculano, em português) que, assim como a vizinha Pompeia, foi soterrada sob as cinzas do vulcão Vesúvio, no ano 79 da era cristã”.

A cidade italiana, assim como a intenção dos sócios da Ercolano, continua a ter relevância por conta das descobertas contemporâneas, conforme relata Roberto: “Recentemente acharam um papiro carbonizado e a inteligência artificial está conseguindo ler o conteúdo de coisas que não se sabia antes sobre Plantão. Então continua sendo uma fonte importante de descoberta a cidade de Hercolano”, diz ele ao comparar a cidade da província de Nápoles aos projetos da editora de aquisições.

Todo o catálogo selecionado pela dupla é lançado impresso e posteriormente como e-book, podendo ser baixados em todas as principais lojas de livros digitais. No entanto, a Ercolano vislumbra voos mais altos. “A gente pretende desdobrar o nosso catálogo em outros formatos como audiolivros, experiências ao vivo, adaptações teatrais, mas isso são coisas que levam um pouco mais de tempo”, conta o fundador, que também é ator.

A Ercolano está presente digitalmente também nas redes sociais. A página do Instagram é @ercolanoeditora

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A história de Roberto Borges, 45 anos, e Régis Mikail, 41, se funde com a criação da editora Ercolano, em abril em 2023. Juntos há sete anos, ambos viveram alguns anos em Paris, onde se conectaram mais intensamente à cultura e literatura francesa. Sócios na editora, eles participam da 3ª edição da Paris Book Market, de 29 a 31 de maio, uma feira editorial internacional que reúne gerentes de direitos de publicações francesas e editores estrangeiros interessados em adquirir obras.

De Paris, Luiza Ramos para a RFI

A Editora Ercolano foi fundada pelo casal há um ano, já com a ideia de descobrir ou reencontrar livros pouco conhecidos, esquecidos ou ainda não traduzidos para o português do Brasil. Na Paris Book Market, que recebe cerca de 200 editoras participantes, a Ercolano chega com o intuito de fazer o intercâmbio para possibilitar a “publicação de obras francesas contemporâneas ou não, que não estão em domínio público”, como explica Roberto Borges.

“Eu costumo dizer que essa feira é um namoro em que a gente começa a ver quais títulos que poderiam interessar ao leitor brasileiro, quais títulos têm sinergia com a linha editorial da Ercolano. A gente faz as nossas apostas, fecha negócio. É muito legal”, entusiasma-se.

Reviver títulos fora do cânone literário

Eles defendem que ao longo da história da literatura, por conta da grande quantidade de livros publicados, com o passar do tempo alguns títulos acabam ficando de fora da seleção do que chamam de “clássicos eternos”.

Naturalmente, obras de alta qualidade ou que tiveram relevância num certo período acabam ficando esquecidas e a Ercolano faz uma “arqueologia literária”. Como o livro "A menina que não fui" (La fille manquée, de 1903), romance do escritor Han Ryner, conhecido por seus escritos anarquistas e traduzido por Régis Mikail.

“As questões de gênero e sexualidade sempre tiveram destaque no pensamento do Ryner. Ele tinha uma ideia de que primeiro seria necessário existir uma liberdade individual como condição para que algo possa ser compreendido como uma anarquia. 'A menina que não fui' é sobre isso, é um romance sobre a dificuldade de ser um jovem homossexual no fim do século 19 e começo do século 20”, detalha Régis.

Temática LGBT+ em foco

A editora traduziu ainda 'O beijo de Narciso' (de 1907) do francês Jacques Fersen e 'Manet do Rio', intitulado originalmente como 'Lettres de jeunesse 1848-1849: Voyage à Rio'. Publicação na qual cartas escritas pelo jovem Édouard Manet conta suas percepções sócio-culturais durante uma viagem ao Rio de Janeiro em meados do século 19, anos antes de se tornar um dos grandes nomes da pintura ocidental.

Além disso, a Ercolano lançou a coleção Trilogia para a vida, uma série de três musicais originais brasileiros que contam a trajetória do vírus HIV. Entretanto, os fundadores da editora brasileira enfatizam que outras temáticas não estão descartadas e que não vão em busca de autores famosos ou célebres. “A gente quer trazer alguém desconhecido”, diz Roberto.

Paris inspiradora

“Muitas ideias novas, muitas inspirações, eu confesso que é tanta coisa que às vezes tenho que fazer uma triagem”, releva Régis, amante dos quiosques de buquinistas à beira do rio Sena em Paris e dos inúmeros sebos espalhados pela capital francesa.

Para Roberto, Paris é uma cidade que faz match perfeito com a cultura literária. “A gente não sabe o que veio antes, se Paris combinando com livro, ou livro combinando com Paris. Acho que é uma mistura da cultura francesa essa questão editorial, do livro (...). Isso faz parte muito forte da cultura francesa”, acredita ele.

Apesar das mudanças com o mundo digital, o editor crê que a força do livro impresso ainda existe em Paris por conta dos hábitos dos moradores de irem aos cafés para ler ou passar o tempo no metrô na companhia da leitura.

“A gente se inspira diariamente. Em qualquer cantinho que a gente olhar tem livro, tem literatura e boas histórias aqui em Paris”, romantiza Roberto.

As edições da Ercolano trazem ainda páginas com cantos coloridos e capas sempre na estética do tom sobre tom que dão personalidade e autenticidade ao projeto dos dois sócios.

Origens e projetos futuros

Segundo o perfil da editora: “A inspiração para o nome veio da antiga cidade italiana (Herculano, em português) que, assim como a vizinha Pompeia, foi soterrada sob as cinzas do vulcão Vesúvio, no ano 79 da era cristã”.

A cidade italiana, assim como a intenção dos sócios da Ercolano, continua a ter relevância por conta das descobertas contemporâneas, conforme relata Roberto: “Recentemente acharam um papiro carbonizado e a inteligência artificial está conseguindo ler o conteúdo de coisas que não se sabia antes sobre Plantão. Então continua sendo uma fonte importante de descoberta a cidade de Hercolano”, diz ele ao comparar a cidade da província de Nápoles aos projetos da editora de aquisições.

Todo o catálogo selecionado pela dupla é lançado impresso e posteriormente como e-book, podendo ser baixados em todas as principais lojas de livros digitais. No entanto, a Ercolano vislumbra voos mais altos. “A gente pretende desdobrar o nosso catálogo em outros formatos como audiolivros, experiências ao vivo, adaptações teatrais, mas isso são coisas que levam um pouco mais de tempo”, conta o fundador, que também é ator.

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