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A indústria que cresce, cresce e só diminui

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A única indústria que sofreu um terremoto similar ao do jornalismo com a digitalização foi a da música. Nunca se consumiu tanta música como hoje (um americano médio consome cerca de 24 horas semanais segundo pesquisa da Nielsen), mas as receitas de vendas não param de cair. Aplicativos como Spotify, Pandora e Deezer foram inicialmente atacados pelos grandes selos, mas mesmo o business do streaming dá sinais de que pode não agüentar. Se o Spotify for à lona, há uma boa chance de ver a música como o primeiro mercado engolido à força pela cultura do compartilhamento. A licença Creative Commons, em breve, pode dar um golpe de estado e obrigar os grandes selos a se reposicionarem como gestores de negócio dos artistas em vez de senhores feudais da música. Cabe fazer uma rápida timeline aqui. Lembra do Napster? Ele e outros serviços de compartilhamento B2B deram a primeira foiçada dos grandes selos. Gravar uma fita dos vinis ou CDs de amigos nunca foi crime, mas o B2B levou o sistema à estratosfera. Passou a ser possível se compartilhar tudo com todas as pessoas do planeta. Quando a Apple lançou o iTunes, novamente houve chiadeira, com a indústria reclamando que o serviço jogava o custo do produto lá embaixo. Novamente, quando o Spotify começou a ganhar tração com sua aplicação simples, versátil, de custo zero e alta usabilidade, os grandes selos rapidamente classificaram o sistema como "pirataria". Thom Yorke, do Radiohead, sintetizou bem a situação da indústria: "O Spotify é o último peido de um cadáver". IFPI2014graph Para desespero dos grandes players, O modelo tradicional da indústria sofreu uma mutação radical para um produto majoritariamente digital, mas ainda assim, está se deteriorando. A receita anual da indústria de música caiu pela metade entre 1999 e 2014. Nenhuma empresa de streaming como Spotify e Pandora, conseguiu ter lucro, mesmo utilizando sistemas tremendamente mais baratos do que o herdado do período analógico da música. Para se ter uma ideia, Tanto Spotify quanto o Pandora já conseguiram receitas muito sólidas (o Spotify teria chegado perto de US$ 2 bilhões em 2015), mas mesmo assim visto seu prejuízo aumentar diante de um custo crescente em royalties e infraestrutura que ultrapassou a receita em R$250 milhões). Qualquer que seja a resposta da indústria à enésima transformação, nada vai impedir que o jogo continue a mudar. chartoftheday_4894_spotify_revenue_vs_costs_n Isto talvez seja uma trágica notícia para os grandes selos, que por décadas, mantiveram a música numa pequena aristocracia, graças aos altos custos envolvidos em contratar artistas, pagar custos de gravação e, principalmente, distribuir e marquetar o produto. Para a música, contudo, o horizonte é brilhante. "Nunca houve tantas possibilidades de se monetizar música quanto agora", opina Aaron Bethune, autor do livro Musicpreneur : The Creative Approach to Making Money in Music, podcaster e consultor da indústria. Mas talvez o futuro brilhante para a música seja horrível para o antigo regime das corporações de entretenimento. Bethune acha que ainda é preciso se verificar a sustentabilidade de ferramentas de streaming como o Spotify dentro dos atuais parâmetros dos valores pagos às gravadoras (cerca de 70% da receita). Supõe-se que nos próximos cinco anos, a quantidade de assinantes pagos de serviços de streaming no mundo deve chegar a 1 bilhão. "Não vejo o atual modelo conseguindo se sustentar, mas o crescimento do mercado sugere que a sustentabilidade será atingida de um modo ou outro", afirma "O sistema atual ainda é imaturo e longe da perfeição". Um estudo feito pela consultoria Generator Research endossa a opinião, classificando o mecanismo atual como "inerentemente deficitário" e que mesmo que chegue à perfeição, não gerará lucro, ainda que sua taxa de crescimento seja satisfatória para o filé mignon do investimento em tecnologia (cerca 93% em 2015), porque o setor é marcado por inovação sistemática e taxas de crescimento agudo caiam bem nos modelos de negócio de escala.chartoftheday_4220_music_sales_in_the_united_states_n Há grandes oportunidades no "encaixe" das assinaturas de música em contas regulares como telefone ou assinatura de streaming de vídeos, transformando a música num serviço de utilidade pública, mas o autor e consultor também vê um cenário bem diferente nessa nova indústria. "Os novos meios de produção e distribuição mudaram o jogo drasticamente. As gravadoras precisam encontrar formas de faturar, tendo mais controle sobre os serviços de streaming", diz Bethune, lembrando um fator pouco comentado: o big data da música passou a ter imensa importância no modo como os artistas gerenciam carreira. É lícito supor também que agora um artista leva em consideração esses dados para compor, e assim, a música de hoje passou a ser mais influenciada do que nunca pela audiência.

Depois de um terremoto, outro terremoto

Hoje, os artistas têm acesso ilimitado a todos os seus fãs através de inúmeros caminhos e os custos de gravação caíram em cerca de 95% em alguns casos. As barreiras de entrada ao negócio que um dia os selos dominavam sozinhos foram dizimadas e somente o departamento de marketing dessas empresas é que hoje retém algum poder de barganha junto aos artistas. A transformação genética da indústria da música tem solavancos violentos à sua frente. Bethune (e boa parte dos analistas do mercado) vê na realidade virtual um novo game changer. "Me lembro de quando a Digital Domain [empresa de efeitos visuais] criou uma holografia de TuPac no show de Snoop Doggy Dog no Coachella. Aquilo foi algo arrebatador", elogia. Este é exatamente um outro campo que pode ajudar na reconstrução das grandes outrora-chamadas-gravadoras: tecnologia. Embora indústria transforme seus avanços em commodity com rapidez (holografias como a mencionada por Bethune devem estar ao alcance do grande público antes de 2023), somente empresas com grande capacidade de pesquisa poderão oferecer realmente o que houver de ponta no assunto. Sim, tem cheiro de Google, Facebook, Amazon, Elon Musk e afins. Você poderá assistir um show de cima do palco ou até ir além disso: você poderá até mesmo tocar com seu grupo preferido. Os dominadores de qualquer sistema nunca admitem que seu tempo esgotou e é por isso que as grandes corporações estão estrebuchando há quase duas décadas tentando consertar um modelo irremediavelmente condenado. "Há e haverá muito dinheiro para quem topar sair da média e proativamente ajudar o artista a fazer sucesso. As empresas de tecnologia têm uma abordagem do assunto com um perfil muito mais próximo de conseguir fazer isso do que qualquer outro" observa Bethune, apontando serviços de crowdfunding como o Patreon.
msuicmarket1973-2013
O ponto é que negócio por trás da música foi desnaturado. Gravar e distribuir o trabalho de artistas fez a fortuna das maiores gravadoras do mundo que cobraram quanto quiseram e empurraram artistas pela garganta do público e por décadas. Esse espaço de faturamento desapareceu quase por completo. O dinheiro que entrou com singles, vinil, cassetes e CDs não será recuperado, como mostra o gráfico acima. Todo o atrito da indústria para manter o status quo é, como disse Thom Yorke, o "peido de um cadáver". Assim como com o conteúdo jornalístico, o digital desengatou o direito autoral do direito comercial e, para todos os efeitos, as pessoas continuarão compartilhando sem que o autor tenha um retorno financeiro nas proporções que tinha até a década de 90. A tentativa de reprimir o compartilhamento com lobby em cima de leis draconianas como a SOPA vai fracassar, mas para novos concorrentes, que não têm custo fixo alto em virtude de estruturas nascidas no período analógico, há um mar de dinheiro a se faturar. Em 10 ou 20 anos, o consumo de música só crescerá. Também como no jornalismo e outros setores de produção de conteúdo, "pirataria" é só um termo pejorativo criado pelos grandes oligopólios para se referir a uma disfunção de preço que os monopólios aplicam até que eles caiam por terra. Tem dinheiro de sobra para ser ganho para quem enxergar da forma correta. Para maiores informações sobre Aaron Bethune, acesse seu site clicando aqui. Ouça o episódio do podcast #Mediabits, com Fabricio Calado e Cassiano Gobbet falando sobre o futuro da indústria da música.

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Depois de um terremoto, outro terremoto

Hoje, os artistas têm acesso ilimitado a todos os seus fãs através de inúmeros caminhos e os custos de gravação caíram em cerca de 95% em alguns casos. As barreiras de entrada ao negócio que um dia os selos dominavam sozinhos foram dizimadas e somente o departamento de marketing dessas empresas é que hoje retém algum poder de barganha junto aos artistas. A transformação genética da indústria da música tem solavancos violentos à sua frente. Bethune (e boa parte dos analistas do mercado) vê na realidade virtual um novo game changer. "Me lembro de quando a Digital Domain [empresa de efeitos visuais] criou uma holografia de TuPac no show de Snoop Doggy Dog no Coachella. Aquilo foi algo arrebatador", elogia. Este é exatamente um outro campo que pode ajudar na reconstrução das grandes outrora-chamadas-gravadoras: tecnologia. Embora indústria transforme seus avanços em commodity com rapidez (holografias como a mencionada por Bethune devem estar ao alcance do grande público antes de 2023), somente empresas com grande capacidade de pesquisa poderão oferecer realmente o que houver de ponta no assunto. Sim, tem cheiro de Google, Facebook, Amazon, Elon Musk e afins. Você poderá assistir um show de cima do palco ou até ir além disso: você poderá até mesmo tocar com seu grupo preferido. Os dominadores de qualquer sistema nunca admitem que seu tempo esgotou e é por isso que as grandes corporações estão estrebuchando há quase duas décadas tentando consertar um modelo irremediavelmente condenado. "Há e haverá muito dinheiro para quem topar sair da média e proativamente ajudar o artista a fazer sucesso. As empresas de tecnologia têm uma abordagem do assunto com um perfil muito mais próximo de conseguir fazer isso do que qualquer outro" observa Bethune, apontando serviços de crowdfunding como o Patreon.
msuicmarket1973-2013
O ponto é que negócio por trás da música foi desnaturado. Gravar e distribuir o trabalho de artistas fez a fortuna das maiores gravadoras do mundo que cobraram quanto quiseram e empurraram artistas pela garganta do público e por décadas. Esse espaço de faturamento desapareceu quase por completo. O dinheiro que entrou com singles, vinil, cassetes e CDs não será recuperado, como mostra o gráfico acima. Todo o atrito da indústria para manter o status quo é, como disse Thom Yorke, o "peido de um cadáver". Assim como com o conteúdo jornalístico, o digital desengatou o direito autoral do direito comercial e, para todos os efeitos, as pessoas continuarão compartilhando sem que o autor tenha um retorno financeiro nas proporções que tinha até a década de 90. A tentativa de reprimir o compartilhamento com lobby em cima de leis draconianas como a SOPA vai fracassar, mas para novos concorrentes, que não têm custo fixo alto em virtude de estruturas nascidas no período analógico, há um mar de dinheiro a se faturar. Em 10 ou 20 anos, o consumo de música só crescerá. Também como no jornalismo e outros setores de produção de conteúdo, "pirataria" é só um termo pejorativo criado pelos grandes oligopólios para se referir a uma disfunção de preço que os monopólios aplicam até que eles caiam por terra. Tem dinheiro de sobra para ser ganho para quem enxergar da forma correta. Para maiores informações sobre Aaron Bethune, acesse seu site clicando aqui. Ouça o episódio do podcast #Mediabits, com Fabricio Calado e Cassiano Gobbet falando sobre o futuro da indústria da música.

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