A indústria que cresce, cresce e só diminui
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Depois de um terremoto, outro terremoto
Hoje, os artistas têm acesso ilimitado a todos os seus fãs através de inúmeros caminhos e os custos de gravação caíram em cerca de 95% em alguns casos. As barreiras de entrada ao negócio que um dia os selos dominavam sozinhos foram dizimadas e somente o departamento de marketing dessas empresas é que hoje retém algum poder de barganha junto aos artistas. A transformação genética da indústria da música tem solavancos violentos à sua frente. Bethune (e boa parte dos analistas do mercado) vê na realidade virtual um novo game changer. "Me lembro de quando a Digital Domain [empresa de efeitos visuais] criou uma holografia de TuPac no show de Snoop Doggy Dog no Coachella. Aquilo foi algo arrebatador", elogia. Este é exatamente um outro campo que pode ajudar na reconstrução das grandes outrora-chamadas-gravadoras: tecnologia. Embora indústria transforme seus avanços em commodity com rapidez (holografias como a mencionada por Bethune devem estar ao alcance do grande público antes de 2023), somente empresas com grande capacidade de pesquisa poderão oferecer realmente o que houver de ponta no assunto. Sim, tem cheiro de Google, Facebook, Amazon, Elon Musk e afins. Você poderá assistir um show de cima do palco ou até ir além disso: você poderá até mesmo tocar com seu grupo preferido. Os dominadores de qualquer sistema nunca admitem que seu tempo esgotou e é por isso que as grandes corporações estão estrebuchando há quase duas décadas tentando consertar um modelo irremediavelmente condenado. "Há e haverá muito dinheiro para quem topar sair da média e proativamente ajudar o artista a fazer sucesso. As empresas de tecnologia têm uma abordagem do assunto com um perfil muito mais próximo de conseguir fazer isso do que qualquer outro" observa Bethune, apontando serviços de crowdfunding como o Patreon. O ponto é que negócio por trás da música foi desnaturado. Gravar e distribuir o trabalho de artistas fez a fortuna das maiores gravadoras do mundo que cobraram quanto quiseram e empurraram artistas pela garganta do público e por décadas. Esse espaço de faturamento desapareceu quase por completo. O dinheiro que entrou com singles, vinil, cassetes e CDs não será recuperado, como mostra o gráfico acima. Todo o atrito da indústria para manter o status quo é, como disse Thom Yorke, o "peido de um cadáver". Assim como com o conteúdo jornalístico, o digital desengatou o direito autoral do direito comercial e, para todos os efeitos, as pessoas continuarão compartilhando sem que o autor tenha um retorno financeiro nas proporções que tinha até a década de 90. A tentativa de reprimir o compartilhamento com lobby em cima de leis draconianas como a SOPA vai fracassar, mas para novos concorrentes, que não têm custo fixo alto em virtude de estruturas nascidas no período analógico, há um mar de dinheiro a se faturar. Em 10 ou 20 anos, o consumo de música só crescerá. Também como no jornalismo e outros setores de produção de conteúdo, "pirataria" é só um termo pejorativo criado pelos grandes oligopólios para se referir a uma disfunção de preço que os monopólios aplicam até que eles caiam por terra. Tem dinheiro de sobra para ser ganho para quem enxergar da forma correta. Para maiores informações sobre Aaron Bethune, acesse seu site clicando aqui. Ouça o episódio do podcast #Mediabits, com Fabricio Calado e Cassiano Gobbet falando sobre o futuro da indústria da música.O post A indústria que cresce, cresce e só diminui apareceu primeiro em Coevo.
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