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“2023”: com participação de franco-brasileiro, coreografia da francesa Maguy Marin é ato político

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Falar sobre os cachorros dos últimos presidentes franceses, desde Charles de Gaulle, é uma alegoria adotada pela coreógrafa Maguy Marin para fazer um esboço político e socioeconômico da sociedade contemporânea. A peça “2023” mistura dança, sons e atuação dos sete intérpretes no palco, incluindo o franco-brasileiro Kostia Chaix.

Patrícia Moribe, em Paris

O espetáculo "2023" foi criado no ano passado e está em turnê pela França. Em Paris, acontece até 9 de março, no Les Abesses - Théâtre de la Ville. Mesmo assim, Maguy Marin repassa de tarde a peça antes de o público chegar à noite, conferindo movimentos, entonações e cobrando também do pessoal técnico.

Os temas navegam pela crise da imigração tão atual, produto de uma sociedade que se empoderou às custas de outros, desde os tempos da colonização, passando por novas explorações e pela soberba da classe sempre dominante. “Eu acho que é uma forma de fotografia da nossa história social aqui na França, desde que o liberalismo entrou na política francesa até 2023; é uma fotografia parada em 2023 do que aconteceu e como é que o sistema midiático e político hoje”, diz Kostia Chaix, 28 anos, nascido no Rio de Janeiro.

O engajamento político e social é uma tônica do trabalho de Maguy Marin. O lado criador vem desde os tempos em que era solista do grupo Balé do Século 20, de Maurice Béjart. Ela pesquisa e incorpora elementos teatrais em suas coreografias, o que a torna uma das criadoras marcantes da chamada Nova Dança Francesa. Um de seus trabalhos icônicos é “May B”, inspirado no teatro absurdo do irlandês Samuel Beckett, prêmio Nobel de Literatura. Em 2018, Lia Rodrigues e seus alunos da Escola da Maré, no Rio de Janeiro, apresentaram “May B” em Paris. Marin também acompanhou pessoalmente a preparação dos dançarinos.

Preparação intensa

Kostia Chaix conta que a preparação de “2023” teve várias etapas. Em uma delas, durante três semanas, o grupo se reuniu para “se conhecer, ler coisas, compartilhar jornais, filmes e ideias. “Nada a ver com o espetáculo. Depois, a gente se encontrou sete ou oito meses até a estreia em 8 de novembro de 2023”, lembra. O dançarino conta que as discussões históricas e sobre a atualidade continuavam em paralelo. “É jogo de ida e volta no palco, você tem uma ideia cênica, o grupo discute como melhorar ou até descartar a proposta.”

Sobre como se tornou bailarino, Chaix mostra que é carioca, dizendo que nasceu “em dia de bloco de carnaval no Rio de Janeiro”. Mas explica: “acho que sendo brasileiro, a dança é parte da cultura; você fica vendo as pessoas dançando, é parte da sua vida e do dia a dia”.

Inspirado por "Billy Elliott"

Ele conta que uma influência importante foi o filme “Billy Elliot”, em que um garoto inglês descobre a dança clássica e enfrenta a família e tabus para ser bailarino. Na França, ele passou pelo Conservatório Nacional de Paris e, depois, pelo Conservatório Nacional de Lyon.

Na formatura, Chaix experimentou o vocabulário coreográfico Maguy Marin. Depois de um tempo em Berlim, ele voltou para a França e, durante a pandemia, escreveu para a coreógrafa, dizendo que queria fazer “May B” de novo. O retorno veio logo e assim o franco-brasileiro passou a fazer parte de uma das companhias mais emblemáticas da Franca.

Sobre o Brasil, Chaix gostaria de desenvolver algo, mas é consciente. “Já tem muitos artistas no Brasil que precisam ter visibilidade, que merecem essa visibilidade”, diz, como os amigos da Escola da Maré, de Lia Rodrigues, e outros profissionais brasileiros atuando na Europa. “É um sonho para mim criar essa ponte e não ter o Brasil só para férias, é um pais muito mais interessante que isso”.

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Patrícia Moribe, em Paris

O espetáculo "2023" foi criado no ano passado e está em turnê pela França. Em Paris, acontece até 9 de março, no Les Abesses - Théâtre de la Ville. Mesmo assim, Maguy Marin repassa de tarde a peça antes de o público chegar à noite, conferindo movimentos, entonações e cobrando também do pessoal técnico.

Os temas navegam pela crise da imigração tão atual, produto de uma sociedade que se empoderou às custas de outros, desde os tempos da colonização, passando por novas explorações e pela soberba da classe sempre dominante. “Eu acho que é uma forma de fotografia da nossa história social aqui na França, desde que o liberalismo entrou na política francesa até 2023; é uma fotografia parada em 2023 do que aconteceu e como é que o sistema midiático e político hoje”, diz Kostia Chaix, 28 anos, nascido no Rio de Janeiro.

O engajamento político e social é uma tônica do trabalho de Maguy Marin. O lado criador vem desde os tempos em que era solista do grupo Balé do Século 20, de Maurice Béjart. Ela pesquisa e incorpora elementos teatrais em suas coreografias, o que a torna uma das criadoras marcantes da chamada Nova Dança Francesa. Um de seus trabalhos icônicos é “May B”, inspirado no teatro absurdo do irlandês Samuel Beckett, prêmio Nobel de Literatura. Em 2018, Lia Rodrigues e seus alunos da Escola da Maré, no Rio de Janeiro, apresentaram “May B” em Paris. Marin também acompanhou pessoalmente a preparação dos dançarinos.

Preparação intensa

Kostia Chaix conta que a preparação de “2023” teve várias etapas. Em uma delas, durante três semanas, o grupo se reuniu para “se conhecer, ler coisas, compartilhar jornais, filmes e ideias. “Nada a ver com o espetáculo. Depois, a gente se encontrou sete ou oito meses até a estreia em 8 de novembro de 2023”, lembra. O dançarino conta que as discussões históricas e sobre a atualidade continuavam em paralelo. “É jogo de ida e volta no palco, você tem uma ideia cênica, o grupo discute como melhorar ou até descartar a proposta.”

Sobre como se tornou bailarino, Chaix mostra que é carioca, dizendo que nasceu “em dia de bloco de carnaval no Rio de Janeiro”. Mas explica: “acho que sendo brasileiro, a dança é parte da cultura; você fica vendo as pessoas dançando, é parte da sua vida e do dia a dia”.

Inspirado por "Billy Elliott"

Ele conta que uma influência importante foi o filme “Billy Elliot”, em que um garoto inglês descobre a dança clássica e enfrenta a família e tabus para ser bailarino. Na França, ele passou pelo Conservatório Nacional de Paris e, depois, pelo Conservatório Nacional de Lyon.

Na formatura, Chaix experimentou o vocabulário coreográfico Maguy Marin. Depois de um tempo em Berlim, ele voltou para a França e, durante a pandemia, escreveu para a coreógrafa, dizendo que queria fazer “May B” de novo. O retorno veio logo e assim o franco-brasileiro passou a fazer parte de uma das companhias mais emblemáticas da Franca.

Sobre o Brasil, Chaix gostaria de desenvolver algo, mas é consciente. “Já tem muitos artistas no Brasil que precisam ter visibilidade, que merecem essa visibilidade”, diz, como os amigos da Escola da Maré, de Lia Rodrigues, e outros profissionais brasileiros atuando na Europa. “É um sonho para mim criar essa ponte e não ter o Brasil só para férias, é um pais muito mais interessante que isso”.

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